Por Linda Benitez
O lance é que eu, desde sempre, quis saber nadar. Lógico, com a auto estima no pé, nunca me achei capaz e fui em busca de simpatias, porque escola de natação era longe até no sonho. Eu disfarçava que sabia. Mas, nunca soube. Um dia, fui no rio, perto de uns índios, e contei, em segredo, pra indiazinha que me levou na avó. Ela era tipo tudo da aldeia. A velha me deu cinco lambaris vivos:
– Se você engolir esses peixinhos eles vão guiar você pelos rios.
Engoli. Nada aconteceu.
Anos e anos disfarçando. Bebendo cerveja na borda..Tipo “mergulha você, depois eu vou”.
Nada. Não sabia mesmo!
Já estou com 49. E agora? Morando aqui em Búzios, 27 praias em volta. Que que eu vim fazer aqui? Aprender a nadar. Arrumei uma escola. Todo dia, tenho aula.. Coloco a boinha, a nadadeira. Aprende a respirar, dá o toco no professor, enfim… aluna. Humildemente, aluna. Como ensinaria a Ana..Aluno quer dizer sem luz…sem a luz de saber nadar que nem os lambaris que eu engoli. Mas estou indo, viu? Hoje, aprendi a mexer os braços com aquele movimento lindo que o cotovelo volta em 45 graus, sabe? Ai gente, o bom é que to querendo aprender. Isso que é legal!
Comprei até um maiô azul meio Esther Williams. Estilo agora não me falta, e fui pra escola. Meus colegas de aula têm 4 ou 5 anos, quando não são bebês. O Joaquim quer nadar comigo porque sabe que vai ganhar de mim.
Então, nunca é tarde pra ser amiga do Joaquim.
Na vida, ás vezes é bom boiar. Mesmo que você não saiba. O Joaquim sabe.
Comer peixe vivo pode ser poético, mas não resolve.
